quarta-feira, 30 de maio de 2012

Comemorar Wenceslau de Morais em 2012




Hoje faz anos Wenceslau de Morais, pois nasceu em 30 de Maio de 1854, no Torel, em Lisboa. Oficial da Marinha em constantes missões no mundo e em especial em Macau, cônsul em Kobe no Japão, onde se casa com uma bela e sábia gueixa O-Yone, a Senhora Bago de Arroz, os últimos 16 anos de vida retirado em Tokushima, é um apaixonado pela beleza e pela serenidade contemplativa do Oriente nipónico, e escreverá dos mais belos livros de impressões tanto suaves como profundas sobre a alma e a cultura Japonesa e a sua Yumei, a misteriosidade íntima.,, 


Sobre o sagrado nipónico, escreverá «Duas religiões, principalmente, infiltram-se, pelas suas crenças, na alma japonesa: o shintoísmo, nativo, e o buddhismo, importado da China, por via da Coreia, — ambas com os seus templos. Os deuses adoram-se nos templos shintoísticos, O’-Myra; os budhas nos templos buddhisticos, O’-Tera. Estas religiões completam-se, pelas influências que exercem no íntimo da alma nipónica». 
Pouco conhecido no Ocidente, o Shintoísmo, Kannagara, o caminho dos espíritos (Kami), aflora num dos seus registos histórico-mitológicos mais antigos, do séc. VIII, o Kojiki, onde se descreve o surgimento de formas individualizadas a partir da diferenciação polar centrífuga e centrípeta do Infinito. 

Tendo como objectivo uma consciência pura, preconiza a purificação do corpo, ambiente, coração e alma (mitama), usando em especial o ritual, o banho frio (misogi), o sal (tal nas lutas de sumo), a dieta, a postura direita, as caminhadas e peregrinações, a vivência da montanha, a aquietação mental e a unificação anímica dos opostos e a oração (norito), a fim de que o ser humano se torne "makoto", isto, seja ele próprio, sincera e plenamente...  
O Imperador do Japão, como símbolo da humanidade perfeita, como descendente da divindade solar, Amaterasu oho mi kami, possuiu os três tesouros sagrados que esta lhe passou: a espada, a jóia e o espelho da verdade e da transparência. 
Wenceslau de Morais apreciará muito os "tera", templos budistas, ou os "Jinja",  os santuários shintoístas destinados ao culto dos Kami, os espíritos e manifestações da Divindade, locais que tão profundamente invocam e manifestam  o fluxo unitivo entre os opostos, seja céu e terra, visível e invisível, natureza e humanidade, na maior simplicidade e harmonia... 
Wenceslau, nos seus muitos escritos, elogiará a vida alegre e pura que a  religiosidade e tradição shintoísta permitem: «Feliz gente, muito feliz!... Feliz gente, que passa a vida em comunhão com os espíritos superiores que regem os destinos do Nippon; sem flagelar-se, sem penitenciar-se, porque as suas crenças não comportam mortificações 
e penitências».


Os vários livros de Wenceslau de Morais (com uma mostra significativa na fotografia) continuam actuais, pois vibram na perenidade da beleza e da sacralidade do Japão eterno...

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